Pesquisadora mineira tem mestrado e livro sobre o desencanto dos professores
"As salas de aula estão mais violentas, pois a própria sociedade também está", afirma a pesquisadora Jussara Paschoalino, na reportagem "Professor, profissão perigo", publicada na edição de 18 de abril de 2012 da Revista Isto É.
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“As
salas de aula estão mais violentas, pois a própria sociedade também
está”, afirma a pesquisadora Jussara Paschoalino, na reportagem
"Professor, profissão perigo", publicada na edição de 18 de abril de
2012 da Revista Isto É.
Especializada
em Psicopedagogia e Direitos Humanos, Jussara é doutoranda na
Universidade Federal de Minas Gerais, onde obteve o seu mestrado, em
2007, com a dissertação "Matizes do mal-estar do professor: um estudo de
caso de uma escola pública de ensino médio".
Dois
anos depois, o trabalho orientado pelas professoras Antonia Vitória
Soares Aranha e Daisy Moreira Cunha foi publicado. O livro "Professor
Desencantado: Matizes do Trabalho Docente" é da Editora Armazém das
Ideias.
A pesquisa, que deu origem ao livro e ao mestrado, centrou-se na investigação do mal-estar docente, a partir da situação vivenciada por professores do ensino médio, vinculados a uma escola da Rede Municipal de Belo Horizonte.
De
acordo com Jussara, a escolha da pesquisa qualitativa, do tipo estudo
de caso, em interação com a pesquisa quantitativa, foi uma opção que
permitiu investigar as evidências da singularidade da construção da
identidade dessa escola.
Infelizmente,
o clichê de que o professor é um sofredor revelou-se um dado comprovado
pela pesquisa acadêmica. Durante os seus estudos, Jussara descobriu que
as as imposições e as mudanças no campo educacional deixaram o
professor da escola pesquisada sem condições adequadas para realizar seu
trabalho.
Entre
os entrevistados, há trajetórias de inegável talento e competência
ofuscadas pelas más condições de trabalho. O professor Fernando, por
exemplo, formou-se em Física e ingressou na rede pública de ensino de
Belo Horizonte em 1968. Escreveu nove livros, foi aprovado em primeiro
ligar no concurso, mas acabou afastado por adoecimento no trabalho. Ele
teve uma isquemia cerebral dentro da sala de aula.
Com
bem menos tempo de profissão, a professora de Geografia Solange admitiu
ser ela própria o tema da pesquisa sobre o mal-estar docente. Com
vários afastamentos médicos durante a realização do trabalho, Solange
era professora no período da manhã e coordenadora à noite.
Os
resultados da pesquisa indicam que existem múltiplos mal-estares
permeando os docentes observados na escola pesquisada: o mal-estar das
perdas, o mal-estar dos “silenciamentos” dos docentes, o mal-estar da
culpa, do absenteísmo e do presenteísmo.
"Finalmente,
constatamos que os professores se mostravam sofridos, traduzindo a
agudeza de seus mal-estares através de reações que marcavam seu corpo e
seu psíquico pelo adoecimento", conclui a pesquisadora, que constatou
ainda em seu trabalho a ocorrência, quase que generalizada, de que o
mal-estar docente passa pelo desejo de ser reconhecido e de ser um
professor capaz de contribuir para a formação competente dos jovens.
A
dissertação de mestrado "Matizes do mal-estar do professor: um estudo
de caso de uma escola pública de ensino médio" tem 231 páginas e está
publicada na Biblioteca Digital de Teses da Universidade Federal de
Minas Gerais:
O livro "Professor Desencantado: Matizes do Trabalho Docente" é da Editora A
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